Durante o reinado de Zhao, o monge e
teólogo Lao Tsu percebeu que a guerra terminaria por destruir o lugar onde
vivia. Como havia passado anos meditando sobre a essência da vida, tinha pleno
conhecimento de que é preciso ser prático em certos momentos. Decidiu
mudar-se. Pegou rapidamente os poucos pertences e preparava-se para sair,
quando foi interpelado pelo guarda que protegia a região:
— Onde está indo tão importante
sábio? — perguntou o guarda.
— Para longe da guerra.
— Para longe da guerra.
— O senhor não pode partir assim. Eu
gostaria muito de saber o que foi que aprendeu em tantos anos de meditação. Só
o deixarei partir se dividir comigo o que sabe.
Apenas para se livrar do guarda, Lao Tsu escreveu ali mesmo um pequeno
livrinho, cuja única cópia lhe entregou. Depois, continuou a viagem e nunca
mais se ouviu falar dele. O guarda saiu pregando o texto de Lao Tsu, que acabou
sendo copiado e recopiado. Resultado: o livro atravessou séculos, atravessou
milênios e chegou até o nosso tempo. O título é “Tao Te King” e está publicado
em português. A seguir, alguns dos seus ensinamentos:
Aquele que conhece os outros é sábio Aquele que conhece a si mesmo é
iluminado.
Aquele que vence os outros é forte Aquele que vence a si mesmo é
poderoso
Aquele que conhece a alegria é rico.
Aquele que conserva seu caminho tem vontade.
Seja humilde, e permanecerás íntegro. Curva-te, e permanecerás ereto.
Esvazia-te, e permanecerás repleto. Gasta-te, e permanecerás novo.
O sábio não se exibe e, por isso, brilha. Ele não se faz
notar e, por isso, é notado. Ele não se elogia e, por isso, tem mérito.
E porque não está competindo, ninguém no mundo pode competir com ele.
Os poucos fatos
históricos conhecidos sobre o livro
Traduzido como O Livro do
Caminho e da Virtude, é uma das mais conhecidas e importantes obras da
literatura da China. Foi escrito entre 350 e 250 a.C. Sua autoria é,
tradicionalmente, atribuída a Lao Tzi (literalmente, "Velho Mestre"),
porém a maioria dos estudiosos atuais acredita que Lao Tzi nunca existiu e que
a obra é, na verdade, uma reunião de provérbios pertencentes a uma tradição
oral coletiva versando sobre o tao (a "realidade última" do
universo). A obra inspirou o surgimento de diversas religiões e filosofias, em
especial o taoismo e o budismo chan (e sua versão japonesa, o zen).
Como a maior parte das figuras mitológicas dos
fundadores de religiões, a vida do escritor do Tao Te Ching, Lao Tzu, é envolta
em lendas. Segundo a tradição, Lao Tzi nasceu no sul da China cerca de 604 a.C,
tendo sido superintendente judicial dos arquivos imperiais em Loyang, capital
do estado de Ch'u. Desgostoso pelas intrigas da vida na corte, Lao Tzi decidiu
afastar-se da sociedade, seguindo para as Terras do Oeste. Montado em uma
carroça guiada por um boi, seguiu viagem, mas, ao atravessar a fronteira, um
dos seus amigos, o policial Yin-hsi, o reconheceu e lhe pediu que escrevesse
seus ensinamentos antes de partir. Lao Tzi, então, escreveu o pequeno livro
conhecido posteriormente como Tao Te Ching e partiu em seguida. Segundo a
história, morreu em 517 a.C. Lao Tzi foi canonizado pelo imperador Han entre os
anos 650 a.C. e 684 a.C
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