Fazer alguma coisa é mesmo melhor que não fazer nada? De repente, fiquei com vontade de tirar um ano de folga, ou ano sabático, como uma espécie de treinamento para a aposentadoria. Isso vai obrigar-me a repensar o modo de vida e a forma como lido com as coisas mais banais: o preço do remédio da pressão, as compras na feira, as compras de Natal, a mania de ter novos sapatos e as idas a restaurantes.
Sou muito desligada da vida prática. Não fico fazendo contas e nem pechinchando. Com a aposentadoria, no entanto, dificilmente poderei encarar o futuro com a mesma leviandade da minha vida de antes, quando os bons ganhos sustentavam quase todos os desejos de consumo.
Se abrir mão do salário que tenho, vou ganhar bem menos. Isso significa ficar mais pobre. É ruim? Bom não é, mas acredito, sinceramente, que não será de todo mau. Penso que posso até enxergar alguma vantagem, se tiver algum tempo para ficar de pernas para o ar.
Não gosto de queixar-me, mas, a prosperidade sempre me custou muito em energia e em desgaste emocional. Como a maioria da minha geração, trabalhei duro. Nunca tirei férias de 30 dias (no máximo 20). Depois de tantos anos no batente. acho que faço jus a alguns períodos de folga.
Voltarei a ser uma pessoa de gastos mais simples e, provavelmente, com um estoque menor de ilusões. O poder de compra garante muitas alegrias e ilusões. Ok, tudo bem, ninguém morre de tristeza se é obrigado a andar por aí usando um casaco com cotoveleiras.
O que realmente importa é a vida que conseguimos construir, os livros que temos de ler e de reler, as músicas que vamos cantarolar, os amigos com quem queremos conversar e as nossas doces lembranças. Assim serão os anos que vêm.
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