domingo, 28 de setembro de 2014

"Ninguém sabe o que sou quando rumino"

          
Hoje, 28 de setembro, faz 106 anos que morreu Machado de Assis, um dos maiores escritores de todos os tempos. Inquieto, lúcido, irônico, Machado escrevia como  filósofo, mas tinha humor e estilo, principalmente quando empenhava-se  em fazer uma digressão, definir com precisão um gesto, ou um detalhe qualquer, como se escrever também pudesse ser brincadeira leve e descontraída.
 
"Ninguém sabe o que sou quando rumino", costumava dizer este gênio brasileiro que nasceu na pobreza, tinha pele mestiça e que teve de batalhar cada milímetro dos avanços que conquistou na vida.  Fundador da Academia Brasileira de Letras, deixou uma obra literária monumental.
Quem não se pergunta de vez em quando se Capitu (Dom Casmurro) foi mesmo uma adúltera? E quem não se lembra do anárquico Brás Cubas e da dedicatória de suas memórias, em louvor "ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver"?
É famosa a passagem do livro Esaú e Jacó em que o dono da Confeitaria do Império tem o azar de mandar pintar uma nova tabuleta para seu estabelecimento justamente às vésperas da proclamação da República. E agora, que fazer? Trocar o nome para Confeitaria da República? Mas... e se sobreviesse nova reviravolta política? Uma idéia foi adotar o nome "Confeitaria do Governo". Mas, nesse caso, as oposições não poderiam vir a apedrejá-la? O jeito foi rebatizar a casa com o nome do proprietário. Virou a "Confeitaria do Custódio". É isso, Machado é uma maravilha...
 

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