Em Brasília, certa vez, queimaram um índio e a popularidade do então presidente Fernando Henrique Cardoso desabou oito pontos em um mês. Quem contou a história à revista Época, onde eu trabalhava na ocasião, foi o próprio Fernando Henrique durante entrevista no Alvorada. O que ele queria dizer? 1) que um Presidente da República, mesmo não tendo nada a ver com alguns fatos, acaba pagando o pato por quase tudo de ruim que acontece e 2) que coisas ruins, às vezes, acontecem porque os países passam por momentos imprevisíveis e injustificáveis de grande impaciência social, com as pessoas exaustas e os jovens quebrando o que encontram pela frente. Será que chegou a nossa vez?
Nossa juventude está se metendo em formas variadas de protesto. Do Movimento Pelo Passe Livre passando pela Parada Gay, Marcha da Maconha, Marcha das Vadias, Veta Dilma, Existe Amor, Apoio ao Movimento dos Sem Teto e Fora Pastor Feliciano. Muitos usam nas redes sociais o sobrenome Guarany Kayowá em apoio aos índios. "Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar!", gritam em São Paulo. Querem transporte público, mas depredam estações de metrô. Condenam Belo Monte, mas passam dias e noites nas redes sociais gastando energia.
A indignação é um direito, mas adianta pouco. Este pensamento conservador me ocorre desde a juventude. Na verdade, nunca alimentei ambiguidades sobre minha eterna condição de conservadora, moderada. Sempre fui parte desta minoria. Meus amigos de esquerda, que formavam, e ainda formam a maioria, é que adoravam a rua e os protestos. A esquerda adora a rua. A rua é animada, ali há música, dança, alegria e cerveja.
Na rua protesta-se, empunham-se cartazes, bandeiras, berram-se slogans, desfila-se, aplaude-se! Nas manifestações a política é uma sensação, o mundo é belo e quando vier a revolução, seremos todos felizes. Como perdi a maioria das manifestações da juventude, por não me alinhar à esquerda, estou querendo me redimir na velhice. Afinal, não faltam razões para protestar.
Pensei em queimar alguns pneus porque a idade impôs-me uma série de chatices físicas que me impedem de atingir a metafísica. Aposto que outros amigos que passaram dos 50 iriam aparecer. Não é todo dia que a gente tem chance de balançar o coreto das autoridades. Outro protesto possível seria, finalmente, adotar o tom do anti-americanismo da esquerda. Depois que Obama passou a espionar todo o mundo, a indignação contra esse inacreditável "Big Brother" pode adiantar pouco, mas é um direito.
Pensei em queimar alguns pneus porque a idade impôs-me uma série de chatices físicas que me impedem de atingir a metafísica. Aposto que outros amigos que passaram dos 50 iriam aparecer. Não é todo dia que a gente tem chance de balançar o coreto das autoridades. Outro protesto possível seria, finalmente, adotar o tom do anti-americanismo da esquerda. Depois que Obama passou a espionar todo o mundo, a indignação contra esse inacreditável "Big Brother" pode adiantar pouco, mas é um direito.
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